A BRUXA
The
Witch: A New-England Folktale
A mais de um ano atrás estreava em um festival
nos Estados Unidos este filme que divide opiniões por todo o mundo, sendo mais
precisamente em 23 de janeiro de 2015 no Sundance Film Festival a primeira exibição de The Witch: A New-England Folktale ( No Brasil
simplesmente A bruxa ). Passando por vários países antes de chegar ao nosso
pais, A bruxa so veio a estrear por aqui em março de 2016 e curiosamente em
pouquíssimas salas de cinema pelo pais.
Pelo fato
de se tratar de um filme de terror diferente do convencional e principalmente,
bem diferente de tudo que tem surgido nos últimos anos nos cinemas, os fãs de
filmes “de tomar susto” criticaram com todas as suas forças o fato deste filme
ter um ritmo um tanto quanto lento e enredo por muitos, nada assustador.
O diretor e
roteirista Robert Eggers reuniu um seleto grupo de atores não tão conhecidos
pelo publico de Hollywood e assim trouxe as telas de todo o mundo um terror que
ficará para alguns, marcado na história do cinema. Queira você ou não, A bruxa
se destaca em muitos fatores importantes em relação a qualidade técnica dentre
eles, a fotografia, onde cada cena, principalmente as externas com ângulos que
captam com primazia a beleza e mistério daquela floresta alem de parecer que
realmente o filme se passa no ano de 1630. A trilha sonora também é essencial
para jogar o espectador de cabeça nesse ambiente angustiante em certos momentos
e amedrontador quando aquele que assiste, consegue entrar realmente na história
e entender o tom de gravidade de tudo o que acontece com a família envolvida em
tudo isso.
Em resumo, uma
família cristã fervorosa vivia em uma colônia fechada onde certos costumes e
regras da época eram muito rigorosos para toda a comunidade. Por circunstancias
inerentes de um comportamento contrario a maioria, eles são banidos da
comunidade sendo obrigados a partir numa viagem para um local distante e quando
se aproximam das margens de uma grande floresta, se instalam por ali levantando
um abrigo com habitação, animais e uma pequena plantação para consumo próprio.
Quando ali estão começando uma vida nova, misteriosamente o filho recém nascido
da esposa do patriarca da família, acaba desaparecendo sem deixar vestígios em
uma cena um tanto quanto fora do comum e se não dizer, algo sobrenatural por
tamanha a surpresa da filha mais velha que cuidava dele no momento em que o
bebe desaparece bem debaixo dos seus olhos. A partir deste momento mais e mais
acontecimentos estranhos ocorrem fazendo com que a família acabe passando por
situações inusitadas culminando em diversos momentos angustiantes para cada um
dos membros da família.
Se você ainda não assistiu e gosta deste tipo de filme, já que precisa
realmente gostar deste gênero pois muitos que não entenderam a proposta do
enredo retratado acharam graça, riram de certas cenas que foram feitas pra
realmente pensar, entrar na historia e entender o que há por trás de toda a
trama.
Segue abaixo uma reflexão mais detalhada sobre esta obra levando a uma
maior apreciação da arte e principalmente da mensagem passada.
A partir daqui o texto irá conter spoilers. Caso não se incomode
continue lendo, senão, será melhor que vá conhecer o filme primeiro e depois
retornar e concordar ou não com o ponto de vista daquele que vos escreve.
O filme começa no momento que a família está em
pleno tribunal onde são julgados por desonrar as leis da comunidade e da igreja
com arrogância. O líder da família, William, responde afirmando que não podem
ser julgados por falsos cristãos deixando claro a sua posição de que ao
contrario de sua família santificada e pregadores do evangelho, toda a
comunidade está em pecado e por isso não são dignos que julgarem os atos deles.
Os portões da colônia se fecham diante de seus olhos e já neste momento
percebe-se que havia algo de errado com William. Seria o fato de que de acordo
com a palavra do próprio Deus o qual eles pregam, seria incorreto julgarem os
outros quanto a posição destes diante do mesmo Deus? Como chama-los de falsos
cristãos seria correto? Está claro que o pecado já havia adentrado o seio desta
família.
A cena seguinte
conhecemos um pouco mais de Thomasin, a protagonista da historia, a filha mais
velha confessa seus pecados numa oração no momento que percebemos um salto no
tempo e a família já esta com a plantação em andamento ao redor da casa. É
neste momento que percebemos a ligação e função de cada um dos membros da
família neste novo ritmo de vida neste lugar. Cuidando da criança recém
nascida, Thomasin vê seu irmão desaparecer diante dos seus olhos e aflita não
consegue resgata-lo.
Primeiro momento de tensão, pois algo
sobrenatural estava pra acontecer e vemos na cena seguinte uma mulher estranha
esta fazendo algo que não se vê com frequência no cinema. A morte de um bebe
nas telas é algo extremamente raro de se ver. O fato dela se banhar no sangue
fica subentendido que o ritual tem ligação com seu corpo e mais pra frente
percebemos o que acontece e quais são os reais motivos de tudo isso.
O mal deixa rastros nos gêmeos que brincam com
o bode, deixa rastros na colheita que não dá certo, em tudo de ruim que
acontece com esta família. A morte se aproxima de cada um deles e o verdadeiro
plano da entidade maligna da floresta, começa a vir a tona.Sem dar muitos
detalhes, um a um cada membro da família tem seu destino traçado e a bruxa que
parecia ser a maior ameaça, sai de cena e neste momento somos apresentados ao
verdadeiro mal que os assola.
O bode que tanto foi louvado no decorrer do
filme, finalmente mostra sua face. Nas cenas finais, talvez uma das mais
impactantes do filme ( para quem obviamente entrou na historia ), temos
Thomasin como única sobrevivente. Agora sozinha, sem família, sem comida, sem
destino, sem futuro, a jovem toma a decisão de encarar face a face a temida
personificação do mal em forma de animal ali presente em sua casa. Este diálogo
entre ela e o ser, fica claro de com quem ela está falando. Não é uma simples
criatura como fruto da sua imaginação e sim o próprio demônio no qual tem
interesse em sua alma. A proposta da manteiga, que para muitos soou como
hilária, tem contexto importante para a personagem que alem de não ter sustento
já que dependia dos pais, naquela época da historia, esta iguaria era de grande
valor em meio a cultura da região.
Thomasin não tem
outra escolha se não se deixar levar pela ocasião e consequentemente ter um
encontro com a raiz de tudo que parece ter arquitetado todos os passos e
momentos para que culminasse nesse fim. Ela agora é só mais uma em meio a
fogueira no meio da mata. Várias bruxas a circundam neste momento como se lhe
descem boas vindas e fica subentendido que desde o princípio este era o lugar
onde Thomasin deveria estar de acordo com a entidade que a seguia.
A questão é...
estaria Thomasin destinada a ser mais uma bruxa dentre as outras?. Teria algo
de diferente dentre elas? Teria feito a escolha errada? Teria escolha? São
raros os filmes em que o mal parece triunfar no final e este é um deles. Não é
comum vermos algo assim nos filmes de hoje o que torna este com um diferencial.
Aprendemos que não
devemos julgar as pessoas, seja La quem forem. Que nossas falhas nos distanciam
de Deus e consequentemente ficamos desprotegidos das ações malignas que vem de
encontro as nossas vidas. A mensagem que fica em pauta seria o fato de que
todos temos falhas. Aqueles que julgaram a família no inicio tinham falhas. A família
era falha.Como é difícil reconhecer os próprios erros. Ter uma crença, seja
cristã ou qualquer outro tipo de entidades nas quais a pessoa tenha, não deve
ser levada aos extremos de forma religiosa como a história demonstra. Wiliam
sentia-se mais santo e fiel que todos os outros e acreditava que ninguém alem
do que o seu Deus poderia lhe dizer o que fazer. Será que cada um de nós sendo
seguidor de alguma doutrina seja qual for, estamos nos posicionando da mesma
forma preconceituosa. Thomasin admitiu seus erros bem no inicio. Seu coração
estava cheio de culpa pelos erros de cometeu. Mas será que no fundo ela se
sentia culpada diante de Deus ou de sua família? A sinceridade para com a
figura na qual você adora se destaca neste momento. Você neste momento segue
algo que acredita ou porque os outros estão seguindo e você acha que deve
seguir cegamente também.
A bruxa traz muitas
discussões a tona e faz pensar depois de ver e rever quantas vezes desejar.
Assista e procure tirar suas próprias conclusões. Filme mais que recomendável para
os que gostam deste gênero. Não dou notas aos filmes que vejo. Apenas acho que
cada um tem um gosto. Os filmes aqui divulgados serão divididos por gênero e categorias
das mais diversas. Quero apenas que conheçam mais e mais filmes e que estes
sirvam para construir o caráter de cada.
Até a próxima e
vejam filmes e tirem mensagens deles. Todo filme tem uma história. O que você
aprendeu com este filme?
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