Fahrenheit 451

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Fahrenheit 451
Fahrenheit 451
1966
Reino Unido

                A história se passa num futuro distópico onde a sociedade é governada por um sistema opressor que ao passar dos anos doutrinou os cidadãos a viverem se alimentando através da mídia televisiva e punindo a todos que possuíssem um livro. Por ordem do Estado Maior, todos os livros deveriam ser queimados, ou seja, extintos da face da terra. As autoridades responsáveis pela queima desses livros são os denominados “bombeiros”. Agentes que percorrem as ruas da fria cidade em busca dos infratores que escondem esses livros em suas casas. Através de denuncias anônimas, esses que escondem livros são punidos com a destruição de seus pertences literários além de serem levados para uma correção disciplinar.




                Em meio a este cenário está o personagem principal Guy Montag, bombeiro que tem uma vida como de qualquer outro sendo um empregado exemplar em suas funções, casado com uma esposa de aparência de destaque para os padrões da época alem de seguir os padrões da sociedade em que vive sem esboçar qualquer reação contraria as leis ditadas pelo Estado. Seu estilo de vida sofre alterações quando em dado momento ele se depara com uma vizinha que vê nele uma pessoa diferente da maioria e o aborda diversas vezes enquanto ele esta no caminho para o trabalho. Ela o interroga sobre sua vida e o porquê de sua atitude em relação ao oficio dos bombeiros desta época. Esses encontros servem como estopim para a mudança de Montag, pois o mesmo decide ler um dos livros antes de queima-lo. Percebe então que há algo de muito importante e precioso nas paginas destes livros. Não consegue entender o porquê de toda a sociedade concordar com a destruição dos mesmos. Assim começa sua jornada de descobertas e desafios em prol de seu maior entendimento em relação a sua própria vida e do sentimento pela leitura que acaba de adquirir.
Após se rebelar contra a tirania e consequentemente contra a própria instituição que trabalha, Montag agora luta para sobreviver a este grande cerco que o aflige tentando de todas as formas levar consigo o exemplar de um livro tão perseguido e odiado naquele momento.


Opinião
A partir deste ponto poderá conter spoilers.

Por incrível que pareça mesmo naquela época, os trailers já eram capazes de revelar tudo de um filme não sendo um problema só dos tempos de hoje. Fahrenheit 451 tem um trailer que mostrava bastantes cenas importantes desta obra cinematográfica, mas dando mais ênfase a um romance que pode se dizer que pouco foi explorado na verdade. A produtora parecia preocupada em garantir a boa receptividade do público através dos nomes dos atores envolvidos. Destaque realmente para Oskar Werner como Guy Montag e principalmente para Julie Christie interpretando dois papéis como Linda e Clarisse.
                Em dado momento do filme, Montag chega a sua casa e encontra sua esposa com três amigas de frente para a tela em sua parede da sala numa alusão a uma grande TV. Cansado de ver essas mulheres escravas da mídia presas a programas de TV que não edificam em nada, não possuem conteúdo algum e parecem apenas massagear o ego dos telespectadores, o bombeiro recém-chegado resolve tomar uma atitude.

                Montag numa atitude impensada resolve pegar um livro e decide ler para essas mulheres. Desliga a tela e começa a recitar versos de uma espécie de poema diante de ouvintes perplexos que ficam sem reações aparentes com exceção de uma delas que sem mais nem menos se desata a chorar.
                O que fez Montag tomar essa decisão? O que teria levado esta mulher aos prantos? Qual foi a reação das outras mulheres?
              

  Sua esposa Linda ( esse é o nome dela na trama ) desde o inicio vinha demonstrando sua dependência pelas telas pois se prestarmos atenção veremos que ela passa o tempo todo diante delas, seja na sala ou no quarto. Onde quer que fosse parecia ter a programação sendo jogada diante deles. Montag a principio parecia não se importar tanto com isso. Interessante notar que quando ele chegava do trabalho, lia tiras numa espécie de jornal, mas o mesmo possuía imagens e não textos deixando clara a intenção de que nesta sociedade não há leitura de textos.
                Após seu despertar através dos livros, Montag agora via as coisas de forma diferente e não pode se conter em relação ao que acontecia em sua casa. Foi aí que ocorreu o momento da leitura para as mulheres. Aquelas palavras do livro entraram bem no interior daquela mulher. De alguma forma aquilo surtiu efeito e mexeu com ela. Ela se identificou e sentiu algo que não sentia a muito tempo.
A programação da TV impedia as pessoas de raciocinar livremente. De criticar, tirar suas próprias conclusões, imaginar algo de si mesmas. Com isso naquele momento ela não pode se conter e percebeu a realidade a seu redor que tanto a sociedade tenta encobrir queimando os livros. Os livros trazem os sentimentos a tona. Essa foi a reação das mulheres. Foram embora deixando o bombeiro e seu livro a sós. Linda diz que ele não devia ter feito isso. Que elas não querem sofrer e que os livros só fazem as pessoas se sentirem mal. Este é basicamente o mesmo discurso de seu capitão quando dava lições a ele mostrando a importância de queimar todos os livros e de como eles despertam sentimentos nas pessoas.
                Este filme é baseado num livro também muito conhecido e de mesmo nome. Algo que não foi falado no filme mas é de vital importância para nós, se refere a um dialogo entre Montag e seu colega de trabalho onde ele conta a história de quando tudo começou. 
Na verdade o próprio ser humano decidiu se desfazer destas obras. Num passado não tão longe, teve inicio a pratica de limitar a escrita e consequentemente cada vez menos as pessoas se interessavam em ler textos muito grandes. Com o tempo muitas obras eram resumidas cada vez mais até o ponto que ninguém mais se importava em perder tempo lendo. Todos queriam a facilidade, a comodidade de ter tudo diante dos seus olhos. Por que não trocar uma leitura demorada em algum artigo por uma simples pesquisa num site com vídeos explicativos. Um vídeo de 5 minutos pode substituir todo esse trabalho e assim foi extinta a pratica de leitura.

                A questão é... Seria este filme, através das palavras do livro não estaria de certa forma profetizando o que já vem ocorrendo há muito tempo pelo mundo? Cada vez mais o interesse por vídeos rápidos e por vezes sem conteúdo tem aumentado. Textos mais longos em publicações e sites dos mais variados têm sido deixados de lado. Se você recebe pelo facebook ou quaisquer outras redes sociais, um grande texto seja qual for a informação contida nele, não pensaria você em passar direto sem ler? Quem sabe o que irá acontecer daqui a alguns anos se continuarmos assim. Que possamos repensar nosso modo de viver. O modo como entraremos em contato com o conhecimento daqui pra frente irá interferir não só nas nossas vidas mas também na sociedade como um todo.
Que conheçam mais e mais filmes e que estes sirvam para construir o caráter de cada um.
Até a próxima e vejam filmes e tirem mensagens deles. Todo filme tem uma história. O que você aprendeu com este filme?



Conteúdo extra:

Discussão com Ray Bradbury (autor do livro) a respeito do romance Fahrenheit 451
*Infelizmente sem legenda em português

Cena de abertura.
Interessante o fato de as informações não virem por escrito. Apenas imagens como o filme sugere desde o início.



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